terça-feira, 16 de abril de 2013

Aquele olhar



Essa cidade nem é tão grande assim, se você for pensar. Em qualquer esquina suja eu posso acabar esbarrando contigo e naquela rápida e dardejante troca de olhares reviver tanta coisa que eu já nem lembrava mais que ainda me fere. É aquele olhar que mira no fundo da alma, que arrebenta todas as nossas veias, que engrossa o sangue, que quase faz as pupilas explodirem como pequenas supernovas tão particulares. É aquele olhar que tem o som da tua voz, que eu não ouço há tanto tempo. É aquele olhar que demora no meu, mas que dura menos de um segundo. É aquele olhar que deita suavemente no meu rosto como as tuas mãos costumavam fazer.
É aquele olhar que olha sem ver. Porque ver é lembrar e lembrar é ferir. Aquele olhar que fica cego quando acaba.


Nenhum comentário:

Postar um comentário